Eu nunca fui uma pessoa que costumava se apegar a outra. Sendo bem sincero, acho que nunca antes havia sentido por alguém uma paixão forte ao ponto de não conseguir manter escondido para mim mesmo. Geralmente, quando eu gostava de alguém, apenas guardava aqueles sentimentos e esperava que fossem embora.
Mas por algum motivo, não foi bem assim quando conheci Na Jaemin.
Sabe, eu nunca me preocupei tanto em “encontrar a pessoa certa”. Durante minha adolescência, enquanto eu via Chenle se desesperar e chorar por não achar alguém para namorar, alegando que desse jeito acabaria morrendo sozinho, tudo o que eu fazia era rir de suas reações. E quando me perguntavam a típica “e os namoradinhos?”, eu respondia “estão por aí, talvez um dia apareçam”.
Mas quando ele apareceu, eu demorei um pouco para perceber que realmente era ele.
Eu e Jaemin tínhamos alguns amigos em comum e foi graças a isso que acabamos nos conhecendo durante uma “reunião” na casa de Mark. Tanto eu quanto ele ficamos um pouco tímidos no começo, mas não demorou até nos soltarmos mais.
Em qualquer outra ocasião, a grande quantidade de pessoas provavelmente teria me incomodado. Havia pelo menos umas sete pessoas ali além de nós. Só que de alguma forma, Jaemin me fez sentir como se houvesse apenas nós dois. Naquela noite, nós ficamos horas conversando. Somente eu e ele no nosso mundinho particular.
Nós morávamos em cantos diferentes de Seoul, então, pela distância, acabávamos não nos vendo pessoalmente com tanta frequência. Por outro lado, conversávamos por mensagens praticamente todos os dias. De manhã, de tarde, de noite. Nos falávamos sempre que conseguíamos um intervalo no trabalho ou na universidade. Às vezes, íamos juntos madrugada adentro, sem sequer ter noção da passagem do tempo.
Mas o dia em que eu realmente percebi que meus sentimentos por Jaemin passavam longe de uma simples amizade havia sido o dia em que saímos juntos em grupo novamente.
Era um feriado, então estávamos livres tanto de nossos empregos quanto de nossos estudos. Havíamos combinado de passear em algum parque e aproveitar um pouco o tempo ao ar livre. Nós até mesmo levamos lanches para que pudéssemos comer todos juntos quando fizéssemos uma pausa.
As surpresas naquele dia começaram logo de manhã cedo. Pouco mais de oito horas da manhã, eu havia acabado de me arrumar e estava pronto para sair, quando recebi uma mensagem de Jaemin. O conteúdo mostrava uma foto da entrada da minha casa, com um “quer carona?” escrito na legenda. Olhei para a janela e avistei o dito cujo sentado no banco do motorista de um carro cinza, e Haechan e Chenle acenando para mim das janelas do banco do passageiro e do banco traseiro.
Aquilo fez meu coração bater um pouco mais forte contra meu peito e colocou um sorriso alegre em meu rosto. Ainda que ele tivesse vindo acompanhado, vê-lo ali, esperando por mim, me alegrou de uma maneira que não sei explicar.
O trajeto até o parque foi divertido. Haechan cantava junto com as músicas que tocavam no sistema de rádio, enquanto Chenle era o responsável pela playlist. Vez ou outra, eu via o olhar de Jaemin me procurando pelo retrovisor do carro. Ele sorria a cada vez que nossos olhares se encontravam.
Os olhos de Jaemin eram ainda mais lindos quando ele sorria.
Quando chegamos, deixamos o carro estacionado fora do parque e seguimos ao encontro de nossos outros amigos. Nossos dois acompanhantes seguiram na frente, deixando-nos ali caminhando um pouco mais distantes. O silêncio entre nós dois demonstrava que ele estava com vergonha assim como eu. Mas não era como se me incomodasse. Eu gostava dos sorrisos tímidos que trocávamos.
— Sabe… — ele quebrou o silêncio — Se eu pudesse, pegaria na tua mão agora.
A confissão pareceu engraçada para mim e acabei deixando um riso baixo escapar ao ouví-la. Ele também riu ao perceber isso. E a sua risada era doce como uma melodia.
Tirei minha mão do bolso de meu casaco e estendi para que ele pudesse pegá-la. E assim ele o fez. A mão dele era um pouco maior que a minha e era quente o bastante para aquecer o frio que sentia nela.
Os dedos dele se entrelaçaram aos meus com firmeza, como se não quisessem soltá-los mais. Enquanto caminhávamos, eu sentia o polegar dele acariciar minha mão. Meu coração batia forte como se a qualquer momento fosse rasgar meu peito e sair. Eu tinha certeza de que o dele fazia o mesmo.
Quando finalmente chegamos ao encontro de nossos amigos, imaginei que ele fosse querer soltar minha mão, mas me surpreendi ao ver que estava errado. Isso também não me incomodou nem um pouco.
O dia seguiu de maneira divertida. Jogamos frisbee e futebol no grande gramado que havia ali no parque e corremos por ele como um grupo de crianças brincando sem preocupações, apenas aproveitando o momento presente. Durante nossa pausa para lanchar, compramos cafés e chocolates quentes para aquecer nossos corpos do frio que começava a chegar junto com a chuva leve que já caía. Eu me sentia feliz em estar ali, sendo parte de uma família. E me sentia ainda mais por ter passado aqueles momentos com Jaemin.
Na hora de irmos embora, decidimos ir todos juntos. Gritos, risadas e cantorias ecoavam pelo parque, atraindo alguns olhares de pessoas que passavam por nós e estranhavam um grupo de jovens adultos agindo como loucos. Não acho que algum deles tenha se importado com isso.
Foi então que Jaemin me puxou para um lugar mais afastado de onde os nossos amigos estavam. Seguimos rapidamente até uma parte pouco movimentada do parque. O local aos poucos se tornava escuro, à medida que o sol, encoberto pelas nuvens cinzentas de chuva, se punha no horizonte. Estávamos a céu aberto, então sentíamos o vento gelado bater em nossas mãos e nossos rostos descobertos, juntamente às gotas da fina garoa que caía sobre nós e umedecia nossas roupas e nossos cabelos. Mas nada daquilo nos incomodava.
Ele me trouxe para mais perto e me abraçou com força. Jaemin era alguns centímetros mais alto que eu e isso era o bastante para que conseguisse me acolher em seus braços e me manter aquecido e protegido daquele vento frio que balançava as folhas caídas aos nossos pés. Seu perfume se misturava ao cheiro da terra umedecida em que pisávamos, criando uma nova fragrância que ficaria marcada em minha mente por um longo tempo.
Nós movíamos nossos corpos num pequeno embalo, como se dançássemos lentamente uma valsa, ainda que ali não tocasse música alguma. Minha cabeça estava apoiada em um de seus ombros e ele afagava minhas costas delicadamente. Não tenho ideia de quanto tempo ficamos ali apenas aproveitando o calor um do outro. Ao nosso redor, o mundo inteiro havia parado. Restava apenas eu e ele.
Jaemin desceu sua vista para mim e os meus olhos encontraram os seus castanhos, que pareciam brilhar intensamente, ainda que não houvesse luz alguma refletindo neles. Em um sussurro, ele me perguntou:
— Posso te beijar?
Eu sorri, feliz por ouvir aquela simples pergunta que fez meu peito se aquecer por inteiro.
— Pode — eu respondi.
Ele apertou seus braços ao redor de minha cintura e eu apoiei minhas mãos suavemente em seu rosto, como se estivesse com medo de machucá-lo.
Então eu beijei Jaemin.
E Jaemin me beijou.
E seus lábios tinham gosto de café.
Vielen Dank für das Lesen!
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