7ma_hokage Ana Brigida 🍥

A primeira regra de quem se submete a ser amante é clara: Jamais se apaixonar. Mas o que fazer quando não conseguimos evitar as batidas fortes no coração, a saudade e a vontade de ficar com a pessoa para semrpe? Naruto luta diariamente com as consequesências de sua escolha.


Fan-Fiction Anime/Manga Nur für über 18-Jährige.

#naruto #sasuke #romance #yaoi #bl #gay #triste #feliz #traição #insegurança
Kurzgeschichte
1
2.4k ABRUFE
Abgeschlossen
Lesezeit
AA Teilen

Capítulo único

"Já fazia um tempo que não aparecia.
Já fazia um tempo que não procurava.
Já fazia tempo que você não tinha motivos para ser infiel."

Era mais uma daquelas noites solitárias onde a minha maior companhia eram os pincéis e o copo de whiskey. Eu mexia o copo a fim de misturar a bebida com o gelo e dar um gole em seguida. Olhar tantas horas para a tela e não saber o que pintar me frustrava, mas o que mais me aborrecia era o sentimento de vazio que me preenchia o corpo.

Como pintor, aprendi a ilustrar a vida ao meu modo, esboçando os sentimentos em tela e os cobrindo de cores. Sempre fui bom nisso e acabei seguindo o conselho de meu pai que dizia: se você é muito bom em alguma coisa, use-a para ganhar dinheiro.

Desisti da pintura, assim como fiz no dia anterior e o antes dele. Voltei a preencher o copo com whisky e sentei no sofá, ligando a tv em um canal qualquer, porque minha mente não prestaria atenção de qualquer forma, porém, seria bom um som de fundo. Mais um gole da bebida e sentia descer queimando minha garganta, mas não me importava, estava acostumado com a sensação e, era melhor senti-la do que o aperto no coração que vinha me acompanhando por tanto tempo. Se eu pudesse dizer em qual momento da minha vida eu me perdi, diria que foi quando Uchiha Sasuke adentrou à galeria e se interessou por um quadro meu. A exposição exibia o trabalho de alguns artistas, mas foi no meu que ele parou e ficou por minutos observando. Pareceu intrigado com a forma a qual retratei o amor e curioso, me perguntou sobre a obra. Ele me ouviu falar por minutos, aparentando muito interesse, sorrindo o tempo todo, e opinando a cada assunto que eu abordava. No fim, lá estava ele, levando embora o meu amor, que eu não sabia ainda, mas era literal.

No entanto, aquela não foi a única vez que o vi. Depois daquele dia, as aparições dele em minhas exposições se tornaram mais frequentes e, aos poucos, fomos nos aproximando. Ele se interessava por arte e eu era um artista, foi como somar um mais um para saber que o resultado seria nós dois juntos.

Tudo seria mais fácil se ele não fosse casado e eu não tivesse jogado a minha dignidade na casa do caralho e não tivesse ido para a cama com ele. Havia algo em Sasuke que manipulava meus pensamentos e minhas ações, eu deveria ter percebido antes. Eu deveria ter me afastado, mas tudo que consegui fazer foi me afundar mais nos braços dele e deixar que o calor insano que emanava me envolvesse e me afogasse como se fosse a única coisa que poderia me salvar. Mas salvar de quê?

Tentei convencer a mim mesmo que era só sexo! Se não fosse comigo, seria com outra pessoa, então por que não aproveitar? Pensamento medíocre. É, eu sei.

E no começo foi exatamente assim: Sexo gostoso e cada um para o seu lado. Então, de repente ele passou a ficar mais tempo, a dormir abraçado, a fazer cafuné e a me dar presentes. De repente ele queria minha atenção e não só o meu corpo e sem perceber, eu fui entregando tudo a ele. Tudo que existia em mim foi posto em uma bandeja e servido a Uchiha Sasuke. Ele devorou cada pedaço de mim como uma fera faminta que não se alimentava há meses. Não houve sobras ou restos que pudessem ser aproveitados para, no fim, após se satisfazer, ir embora, deixando um corpo vazio na cama.

Com o tempo eu fui entendendo o que eu era para ele, qual era o meu lugar e, certamente, não era em seu coração.

Um suspiro deixou minha garganta e eu virei o rosto ao ouvir o vento balançar a janela aberta. Levantei para fechá-la e senti a brisa fria balançar meus cabelos. Eu odiava o frio! Detestava sentir meu corpo arrepiar e tremer com a queda da temperatura e, ironicamente, era como meu corpo reagia quando estava nos braços de Sasuke e, eu amava.

"Ontem tava eu vendo TV em casa, chegou uma mensagem que eu não esperava com uma proposta quase irrecusável: passar a noite no motel."

Fechei a janela, voltando a me sentar. O copo com a bebida descansava na mesa de centro e eu me curvei para pegá-lo aproveitando para também pegar uma revista qualquer e começar a folhear. Precisava distrair a mente, encontrar alguma coisa para fazer porque seria mais uma maldita noite de insônia. Nem mesmo os remédios pareciam surtir efeito, meu corpo rejeitava todos eles como se me castigasse por ser tão idiota. Eu realmente merecia as noites em claro e a vontade absurda de chorar.

Senti o celular vibrar e a tela exibia o nome na notificação. Meus batimentos falharam por um momento e eu lutei contra tudo que havia em mim para não responder. Eu não queria responder! Minha mente me dizia que eu devia ignorar e fingir que a mensagem nunca tinha chegado no meu aparelho. Virava as páginas da revista e as encarava, fingindo um interesse que não existia nas escritas impressas. O meu interesse estava no aparelho e no conteúdo da mensagem.

Sasuke

"Oi, gatinho. Eu estou na cidade. Quer aproveitar a noite comigo?"

A pergunta me fez rir sarcasticamente porque sim, era exatamente o que eu queria. Era exatamente o que eu esperava e ansiava durante aqueles dois malditos meses sem contato, mínimo que fosse, com Sasuke.

A racionalidade gritava para que eu recusasse o convite e seguisse minha vida normalmente. Mas o que era meu normal? Passar noites sem dormir tendo crise de ansiedade? Usar a bebida como escape? Chorar? Sentir-me vazio e sem forças? Eu não queria aquela normalidade, definitivamente. Eu preferia me afogar na ilusão de que Sasuke me amava e ficaria comigo, ainda que fosse por algumas horas, ao menos, me sentiria vivo de novo. Respondi um curto e objetivo "Me espere no mesmo lugar de sempre" e corri ao quarto para me arrumar.

"Eu me arrumei e te encontrei naquele posto
Você no canto, cabelo cobrindo o rosto
Me deu um beijo e eu senti o mesmo gosto de quem tocou os pés no céu"


Me troquei às pressas, mas não de qualquer jeito. Nunca de qualquer jeito para Sasuke. Coloquei uma camisa de botões branca, deixando os dois primeiros abertos, exibindo um pouco da minha pele. Ele adorava quando eu usava branco porque dizia que a cor contrastava perfeitamente com meu tom bronzeado pelo sol que eu adorava tomar. Uma calça preta e um sapato de igual cor compunha o restante do look que escolhi "às pressas". Básico, mas bastante atraente.

Me Olhei no espelho, lamentando o reflexo que via. O fracasso e a derrota estavam ali, estampados em meu rosto em forma de olheira. Passei um pouco de corretivo e base, o suficiente para ao menos disfarçar minhas noites mal -não- dormidas. Não demorei mais de meia hora, eu acredito, não estava contando, no entanto, a ansiedade me fazia acelerar o ritmo de tudo que eu fazia. Quando notei, já estava com a carteira e chaves no bolso e o celular na mão chamando uma corrida, visto que o whiskey não me deixaria dirigir de qualquer forma. Eu poderia ser um fodido apaixonado por um cara casado, porém, jamais irresponsável com a minha própria vida e a dos outros, ao menos no trânsito.

Cerca de vinte minutos se passaram até o carro parar próximo a um posto de gasolina mais afastado da cidade. O lugar era mal iluminado devido às várias lâmpadas quebradas, com nada mais ao redor além da estrada e uma lanchonete que era o ponto mais iluminado dali. No canto, uma SUV preta estava estacionada com um homem recostado na porta de braços cruzados. Não havia nada para iluminar a silhueta, nem mesmo os faróis do carro que estavam desligados, porém, ele era inconfundível para mim.

Caminhei em passos lentos até ele, não queria mostrar ansiedade embora meus pés quisessem correr para meu corpo se atirar ao dele. Eu ainda sabia ser discreto. O vi descruzar os braços e sorrir mesmo com a pouca iluminação e isso arrancou de mim um sorriso semelhante.

— Oi — Ele disse com a maldita voz melodiosa que eu tanto gostava de ouvir e agradeci aos céus pela pouca claridade esconder o arrepio que só a voz dele me fez sentir.

— Oi. Está aqui há muito tempo? Desculpe a demora.

— Não se preocupe, eu acabei de chegar. Vem cá.

Sasuke me puxou pela cintura, findando a pouca distância que havia entre nós. Automaticamente meus braços envolveram o pescoço dele e nossos lábios se uniram num beijo lento. Meus olhos se fecharam, me levando para a outra dimensão que eu já estava familiarizado. Meu coração acelerava com o contato de nossas bocas, aquecendo todo o meu corpo e, por um momento, o tempo pareceu parar. O gosto dele parecia mais intenso, mais viciante, mais saboroso. Meu corpo se arrepiou ainda mais com o toque de nossas línguas que explorava uma a outra, como se não se conhecessem tão bem. Poderia ser coisa da minha cabeça - ou do meu coração que tentava se enganar o tempo todo- mas… Ele parecia com tanta vontade quanto eu. Com tanto desejo quanto eu. Com tanta… Saudade quanto eu.

As mãos dele apertaram minha cintura e eu apertei o enlace em torno do pescoço dele, unindo mais nossos corpos como se fosse possível. Ele sentia o meu coração acelerado, eu tinha certeza disso. Era impossível não sentir com nossos corpos tão unidos e meus batimentos tão fortes. Arrisco a dizer que o sorriso entre o beijo foi exatamente por isso. Quando nossos pulmões gritou por oxigênio, diminuímos o ritmo do beijo até findá-lo com selinhos, mas sem desgrudar nossos corpos e bocas. Ele continuava a roçar os lábios nos meus, mordia meu inferior bem de levinho, numa tortura deliciosa e sorria com a minha entrega. Mesmo de olhos ainda fechados eu sabia que o maldito sorriso que me rendia toda vez, desenhava o rosto dele.

— Senti saudade. — Sussurrou.

Só então eu abri os olhos com uma lentidão absurda, como se o efeito de um anestésico fosse acabando gradativamente, me permitindo voltar à realidade. Encarei-o mesmo com a pouca iluminação, deslizando meus dedos no rosto incrivelmente belo de Sasuke. Também sorri quando ele fechou os olhos e suspirou com o carinho. Se eu não estivesse tão afogado nos meus próprios sentimentos que me faziam distorcer a realidade, eu poderia jurar que havia algo ali. Algum sentimento e não só tesão.

— Eu também senti, amor.

Amor…

Sasuke gostava quando eu o chamava assim e eu adorava chamá-lo daquela forma porque, de algum modo, parecia que meus sentimentos eram transmitidos por aquelas palavras, mas a verdade é que, para ele, era só mais uma palavra, mais uma forma de chamá-lo. Nos separamos a contragosto para nos refugiar do frio dentro do carro. Saí com tanta pressa que nem me lembrei de pegar um casaco. Por sorte, o aquecedor do carro estava ligado e tornava o ambiente acolhedor. Ele ligou o carro e deu a partida, seguindo pelo caminho conhecido até o motel que sempre ficávamos. Me acomodei melhor no banco de couro, repousando minha mão na perna dele, onde eu deixava um carinho sem malícia, só para manter nossos corpos unidos de alguma forma.

— Você lembrou. — Ele quebrou o silêncio, desviando ligeiramente o olhar até se encontrar com o meu.

— O que?

— Da camisa branca com dois botões abertos.

— Isso? — Abaixei o olhar para meu próprio corpo — Você comentou sobre isso? Foi automático. — Menti. Claro que eu lembrava exatamente das palavras dele ao sussurrar no meu ouvido de forma sexy que adorava quando usava aquela roupa, mais ainda com os dois primeiros botões abertos, mas eu jamais admitiria.

— Isso significa que seu subconsciente quer me agradar e te faz agir automaticamente do jeitinho que eu gosto?

Droga, ele me pegou.

O maldito sorria como se me desse um xeque-mate. E em resposta eu ri divertido, negando com a cabeça sem de fato responder. Não precisava, ele já sabia.

— Como você está? Pintando muitos quadros?

— Ah, quem me dera — suspirei pesaroso ao lembrar da tela em branco e isso chamou a atenção dele. — A inspiração resolveu me abandonar, não pinto nada digno há semanas. Acho que preciso passar um mês isolado em um retiro espiritual para alinhar meus chacras e quem sabe voltar a me inspirar.

Rimos juntos do meu exagero, embora eu sentisse que realmente precisava daquilo.

— Acho que estou precisando de um tempo num retiro desses também. Quem sabe não podemos ir juntos?

Ah, Sasuke. Eu deveria te odiar com todas as forças do meu coração por me fazer desejar profundamente que essa possibilidade, mesmo que remotamente, fosse real.

— Seria ótimo. — Sorri e apertei sem força a perna dele. — Para onde estamos indo? — O vi sorrindo animado com a minha pergunta quando constatei que havíamos passado do lugar onde sempre ficamos.

— É uma surpresa, gatinho.

"Dai pra frente eu gravei cada segundo.
Nós dois no quarto o rádio bem baixo no fundo, tocando serenata pra gente se amar"

Olhei-o confuso, mas não o questionei. A animação dele me fez conter a ansiedade de fazer milhares de perguntas para tentar descobrir o que seria a tal surpresa. Deixaria que ele me surpreendesse.

Nos mantivemos o restante do caminho num silêncio confortável, trocando um ou outro olhar carinhoso seguido de sorrisos bobos. Quem nos visse poderia apostar que estávamos apaixonados. O que não era de todo mentira. De forma unilateral? Sim, mas definitivamente apaixonados. Ri do meu próprio pensamento e tratei logo de expulsá-lo antes que ele me levasse para a melancolia costumeira que o assunto me levava.

O carro foi diminuindo a velocidade e parou na portaria de um condomínio de luxo, onde Sasuke se identificou e teve a passagem liberada poucos segundos depois. Claro que haviam muitas dúvidas em minha cabeça a cada metro que seguíamos e uma casa luxuosa se mostrava visíveis.

Paramos momentaneamente na entrada de uma casa mais afastada das demais, porém, tão luxuosa quanto, esperando os portões se abrirem e o carro adentrar. Logo na entrada podia-se ver uma piscina de, aproximadamente, dez metros de largura com luzes de LED iluminando seu interior, tornando-a convidativa para um mergulho, embora tivesse frio. Do outro lado, oposto ao da piscina, um pequeno jardim com algumas flores já plantadas e, aparentemente, bem cuidadas, entre elas algumas rosas vermelhas, que eram as minhas favoritas. Entre os dois ambientes havia um caminho de pedras, que era por onde o carro passava, e levava à uma grande porta que deduzi ser a de entrada. Não errei. Descemos do carro com um Sasuke quase saltitando em animação feito uma criança quebestava prestes a ganhar seu brinquedo favorito. Achei graça na animação dele e entrelacei os dedos de nossas mãos quando ele tomou a minha para me conduzir ao interior da casa.

Era deslumbrante, não podia negar. A arquitetura era como eu gostava: quadrados sobre retângulos formando a residência bem iluminada por dentro. As janelas eram grandes, quase paredes inteiras, exibindo a decoração bem escolhida contrastando perfeitamente com os móveis bem dispostos no espaço.

O primeiro ambiente que conheci foi a sala. Exageradamente grande para os meus padrões, porém, extremamente confortável. O que me chamou a atenção além do sofá que parecia acolhedor demais, foi a lareira que queimava as toras de madeira e tornava o ambiente mais aquecido,quase me aninhei aos braços de Sasuke e o puxei para nos sentarmos em frente a ela, mas me contive. Ele me fez conhecer todos os cômodos da casa, descrevendo com propriedade como se fosse um verdadeiro corretor de imóveis disposto a impressionar um cliente e fazer a venda.

O quarto foi o último cômodo a ser apresentado e só quando entrei entendi o porquê. Talvez fosse o maior ambiente da casa e o mais bonito também. A lareira pareceu insignificante perante a grande cama com o edredom macio que a cobria. A porta de vidro, larga e alta, assim como todo o pé direito da casa, proporcionava uma excelente vista do lado de fora, principalmente do céu pouco estrelado, me peguei imaginando como seria bela a vista daquele lugar num dia quente em que o céu estivesse limpo. Meu pensamento foi cortado quando Sasuke me levou ao banheiro e riu do susto que levei com o tamanho. O espaço era suficiente para acomodar uma hidromassagem e um espaço que me pareceu ser uma sauna e ainda sobrava muito metros para a pia, chuveiro e outro ambiente para a privada. Tudo isso em tons claros de bege e branco. Como eu já havia dito: deslumbrante.

Voltamos para o quarto, ele ligou o aparelho de som com uma música calma e me abraçou por trás, encaixando o queixo no meu ombro. Meu corpo arrepiou quando ele beijou meu pescoço e aspirou meu perfume lentamente enquanto roçava o nariz naquela região sensível. Um suspiro deixou meus lábios e fechei os olhos, completamente entregue às carícias. O senti sorrir contra minha pele e deixar uma mordida sem força antes de falar com a voz suave, mas claramente animada.

— Você gostou?

— Gostei… Gostei muito. — Minha voz saiu mais manhosa do que deveria, porém, a culpa era toda dele e das carícias deliciosas que junto à minha saudade, eliminavam todo e qualquer resquícios de racionalidade que eu ainda tinha. Eu queria agarrá-lo e beijá-lo. O tempo estava passando e minha vontade dele só aumentava. Eu o senti mexer no bolso da calça e tirar um molho de chaves, estendendo-o a mim logo depois. — O que é isso?

— São as chaves daqui. Eu comprei ela pra gente. Na verdade, pra você.

As palavras dele entraram pelos meus ouvidos e eu fiquei um tempo em silêncio, absorvendo a informação. O ouvi me chamar, mas não respondi. O que aquilo significava? Ele só poderia estar brincando comigo. Tanta coisa passava pela minha cabeça, tantas possibilidades e nenhuma fazia sentido.

— Naruto…?

— O que?

— Você não gostou? — Ele desfez o abraço para me virar e me encarou com visível preocupação. — Você tinha dito que estava pensando em se mudar porque os seus vizinhos são muito barulhentos e estavam atrapalhando o seu trabalho, então eu pensem que…

— Você pensou que seria legal gastar uma fortuna em uma casa para mim? — Perguntei, finalmente conseguindo raciocinar direito.

— Não é assim, Naruto. Eu sei negociar, não custou tanto quanto você acha que custou. E dane-se o valor, por que está tão chateado?

Eu não queria dizer a ele o que tanto me chateava. Não queria ter que ouvir as justificativas dele do porque eu estar exagerando e não queria chateá-lo, afinal, eu também aceitei fazer parte daquilo. Na noite em que dormimos juntos pela primeira vez, mesmo eu sabendo que ele era casado, eu aceitei fazer parte do jogo dele e não tinha nenhum direito de reclamar. Porém, aquilo foi além do que eu considerava aceitável na nossa relação ilusória. Não era como ganhar relógios ou jóias, não era como jantar num restaurante caro ou viajar para outro país em férias.

— Isso é ridículo, Sasuke… — Pigarreei irritado — Você não pode fazer essas coisas, cara.

— E por que não? — Ele quis saber.

— Porque você vai à falência se ficar presenteando todos os seus amantes com casas luxuosas, isso não é certo.

Eu mal tinha terminado de falar e o arrependimento veio de forma arrebatadora. Foi a primeira vez que o vi perder as palavras e me olhar de forma tão indignada. Eu não sabia como interpretar a reação dele. Não sabia o que significava o olhar perdido que ele me direcionava e nem o motivo de, de repente, parecer decepcionado.

— O que você disse?

— Sasuke, eu aprecio muito o seu gesto, mas...

— O que você disse sobre amantes, Naruto?

— Você sabe o que eu disse.

— Eu não acredito que… — ele se aproximou, tomando meu rosto entre as mãos para que eu não desviasse o olhar dos negros lindos que eram os dele — Eu não acredito que pense que eu engano a minha esposa porque sou um maldito traidor sem caráter.

— Sasu-ke?

— Você acredita mesmo que eu tenha amantes?

— Você não tem?

Tanto Sasuke quanto eu ansiamos pela resposta um do outro. Nos quase dois anos que estávamos juntos, nenhum dos dois falava sobre sentimentos ou relacionamentos, até porque jamais poderíamos ter um, então não tinha motivos para tocar em um assunto tão delicado que poderia nos machucar, a mim principalmente. Eu pouco sabia sobre a vida dele fora da cama. Já da minha parte, também não expunha muito sobre como me sentia em relação a ele ou qualquer outra pessoa. No fim, nós éramos duas pessoas que falavam demais e, ao mesmo tempo, não falavam nada.

— Céus, não… Eu não tenho. — Ele fechou os olhos pesarosos e encostou a testa na minha. Podia sentir a respiração forte dele se chocar contra meu rosto me fazendo suspirar. Ver Sasuke tão fragilizado daquela forma me deixou atordoado, eu não sabia o que fazer ou como agir. — Eu nunca tinha traído a Sakura antes de conhecer você. Nunca foi por não amá-la, porque eu nunca a amei. Nem foi pela droga de casamento arranjado, porque eu aceitei fazer parte disso, eu não fui obrigado.— Senti o peso do olhar dele sobre mim, mas não abri os meus olhos, não conseguiria encará-lo, não sem chorar — Também não tive a intenção de ficar com você, Naruto. Anos atrás, quando tudo isso começou, eu só queria alguém legal para conversar que não fosse sobre negócios e empresas. Você me acolheu e, eu só me vi viciado em você, na sua voz, no seu olhar, no seu cheiro, no seu sorriso fácil, eu não resisti. Quando eu notei eu só te queria. Eu te queria como jamais quis alguma coisa na minha vida antes. Olha pra mim. — ele pediu em timbre de súplica que quase me fez chorar. Abri meus olhos lentamente, com medo de encarar os dele e não conseguir controlar meus próprios sentimentos. Ele acarinhou meu rosto com a ponta dos dedos e selou meus lábios rapidamente — E eu ainda te quero da mesma forma. Não há ninguém, amor. Só há você.

“Naquela cama
Deitei com o coração desprevenido
Jurei que te amava ao pé do ouvido
Sabendo que você só estava ali pra me usar”

Foi difícil segurar a lágrima solitária que abandonou meus olhos enquanto eu encarava Sasuke. Meu corpo todo parecia paralisado e eu o sentia tremer. Abri a boca diversas vezes na tentativa falha de respondê-lo, as palavras simplesmente não saiam. Se Sasuke parecia fragilizado, eu provavelmente poderia quebrar em pedaços na mínima menção das palavras dele não serem verdadeiras. Eu precisava tanto daquela confirmação. Precisava tanto saber que os beijos dele eram só meus. Que o olhar de devoção era só direcionado a mim. Que o desejo que os lábios dele expunham ao devorar minha pele não era partilhado com outra pessoa também. Eu me sentia tão mais leve, tão mais… dele.

Na ausência de palavras, me lendo como somente Sasuke sabia, ele me beijou. O calor e a textura dos lábios dele me arrancaram um suspiro extasiado e eu correspondi como se fosse a única coisa que eu pudesse fazer naquele momento. Deixei as chaves cair ao chão, usando minhas mãos para abraçá-lo, colando nossos corpos completamente. Sasuke não precisava das minhas palavras quando me tinha totalmente entregue a ele. Naquele momento eu soube que toda minha tentativa de manter em segredo o meu amor foi em vão, porque ele sabia ler cada parte de mim. Para Sasuke, eu era um livro aberto.

Diferente do primeiro, o beijo foi afoito, urgente. Precisávamos da confirmação de que estávamos bem e não seria a última vez nos braços um do outro. Ele apertou minha cintura e chupou meu lábio inferior. eu gemi baixinho, puxando o cabelo dele sem força em resposta. Só isso foi suficiente para nos fazer esquecer a pequena discussão de um tempo atrás e abrir espaço para o desejo acumulado em nossos corpos. Sasuke beijava, lambia e chupava o meu pescoço, marcando-o da forma possessiva como ele sempre fazia comigo e eu não me importava. Não ligava para os hematomas arroxeados que estampavam por dias a minha pele, eu as amava, na verdade. Eram elas quem me lembravam, todas as vezes que eu olhava no espelho, que fora ele quem as deixou. Impaciente, tirei a camiseta que ele vestia e a minha própria em seguida, jogando-as no chão sem um rumo certo. Voltamos a colar os corpos e os lábios em um novo beijo. Sasuke passeava com as mãos pelo meu corpo, apertando cada canto que os dedos fortes tocavam. Eu arfava em resposta, esfregando-me contra ele em busca de mais contato. Sim, estava com pressa. A necessidade de senti-lo era palpável.

Em um movimento rápido, ele ergueu meu corpo, minhas pernas envolveram a cintura dele tornando mais fácil a fricção dos membros já tão duros, e me levou para a cama. Deitou-me e se encaixou entre minhas pernas. Sasuke era quente como o inferno, incendiando tudo que se aproximava dele. Em meio ao fogo cruzado, tudo que eu podia fazer era me deixar incendiar. Usei o outro travesseiro para apoiar melhor a cabeça e não perder nenhum segundo da imagem de Sasuke percorrendo meu corpo com sua boca. Ela era pecaminosa, deliciosa, enlouquecedora e ele sabia como usá-la em mim.

Um gemido escapou entre meus lábios quando a língua de Sasuke envolveu um de meus mamilos. Os lábios sugando, os dentes prendendo o bico, a língua lambendo. Eu não conseguia nem me manter quieto, uma vez que um fio de prazer atravessava meu corpo. Ele repetiu o ato mais algumas vezes, alternando entre um mamilo e outro. Eu apertava os fios dos cabelos dele, arranhava sua nuca e o via arrepiar.

— Você é tão gostoso, Naruto. Eu poderia passar a minha vida toda te beijando por completo.

A voz de Sasuke parecia mais sensual do que eu me lembrava. O olhar dele continha um brilho predatório, como se ele pudesse me devorar a qualquer momento. Era o que eu queria. Mordi meu lábio inferior, apoiando meu corpo com os braços quando Sasuke, perigosamente, desceu com a língua até minha barriga. Ele brincava com meu umbigo, contornando de forma sugestiva e a lambendo depois, tudo isso enquanto as mãos cuidavam em me despir da calça, levando junto a roupa íntima, expondo meu pênis duro. Duro por ele. O vi lamber os lábios e a vontade dele em me abocanhar naquele mesmo instante, mas não fez. Não o fez porque queria me castigar, queria me fazer gemer em expectativa, eu o conhecia bem para saber disso.

Sasuke perdeu bons minutos só mordendo e chupando a parte interna da minha coxa, lambendo e chupando meus testículos, mas não meu pênis. Ele queria que eu implorasse.

— Sasuke… por favor. Eu não aguento mais.

— Hn?

Maldito. Como ele podia ser tão cruel?

Me olhou com a mais falsa e esdrúxula expressão de dúvida, como se não soubesse exatamente o que eu queria. Resolvi que entraria no joguinho dele, que faria o que ele tanto desejava. Levei minha própria mão ao meu membro, me tocando lentamente. O vi se espantar, porém, sem nenhuma intenção de afastar minha mão. Ele gostava da cena. Gostava de me ver me tocando, me dando prazer, só para depois me mostrar que não era nada diante do que ele me proporcionaria. Joguei minha cabeça para trás, movendo meu quadril contra minha própria mão.

— Ahhh… Tão bom.

Ele estava numa luta interna entre me abocanhar e continuar vendo meu show. Não sabia realmente o que ele faria, no entanto, o pré gozo que fluia em meu membro me deu uma ideia, porque Sasuke lambeu os lábios em tamanho desejo. Foi como eu pensei. Ele não resistiu, segurou minha mão para que eu parasse a masturbação e sem qualquer rodeio, abocanhou meu membro, envolvendo toda a extensão com os lábios quentes e macios que me faziam ver estrelas. Não contive um gemido alto, nem os outros que saíram depois, enquanto ele me sugava. Levei uma das mãos aos cabelos dele, apertando-os, mas não impunha nenhum ritmo, não precisava porque Sasuke sabia como eu gostava. Conhecia meu corpo e as diversas reações que somente ele me arrancava. Gemia o nome dele, arremessando meu quadril contra sua boca. Sasuke parecia determinado a não parar até me ver gozando, o que não demoraria muito com os estímulos tão precisos. O calor do meu corpo crescia, a febre me dominando, precisei apertar os dedos nos cabelos dele como uma forma de anunciar que estava próximo, visto que da minha boca só saíam gemidos desconexos pelo prazer.

Chamei por Sasuke num gemido arrastado antes de me derramar na boca dele, o prazer sendo jorrado em jatos fortes pela vontade acumulada e ele os recebendo de bom grado. Meu corpo pesado se jogou na cama e eu sabia que ele sorria, mesmo meus olhos estando fechados.

— Isso foi delicioso, amor.

Ele sussurrou contra meu pescoço ao se encaixar sobre mim novamente. Busquei a boca dele com vontade, partilhando do meu sabor ainda muito intenso. Nunca achei um pedaço de tecido tão incômodo como estava sendo a calça que ele usava. Eu queria vê-lo por completo. Desde o corpo musculoso até o rosto de aspecto delicadamente perigoso. Sasuke era uma mistura de paz e perigo que me encantava. Massageei o volume sobre o tecido grosso do jeans, apertando sem força só para senti-lo melhor em minha mão. Sasuke arfou, mordendo meu lábio inferior. Eu sorri maldoso, erguendo meu corpo na intenção de mudar as posições. Sasuke não se opôs, ao contrário, acomodou-se melhor na cama macia, sentado com as costas apoiadas na cabeceira. Ele me olhava curioso, com o sorrisinho no canto dos lábios, característico dele e que eu amava; as sobrancelhas arqueadas, esperando pelo o que quer que eu fosse fazer.

Tirei o restante da roupa que ele usava com uma lentidão proposital. Ele reclamou, mas riu de uma forma tão bonita que quase parei o que fazia só para admirá-lo. Céus, eu realmente amava tudo em nele. Não existia nada que eu não fosse devoto naquele homem. Junto da peça íntima, o jeans foi deixado no chão e eu pude finalmente perder alguns segundos observando-o. Podia estar enganado, mas eu acreditava fielmente que ele se assemelhava a imagem de Deus, tão lindo que era.

— Hey, não baba, dobe!

— Então para de ser tão lindo, teme.

Rimos juntos e eu percebi naquele momento que o som da risada dele se tornou minha música favorita e era muito fácil me ganhar com ela. Voltei a me aproximar para tomar seus lábios em um beijo lento, provocativo. Mordia o lábio inferior dele, puxando e o soltando e, depois, como se para amenizar a dor da mordida no músculo, eu o chupava devagar. Fazia tudo isso enquanto me acomodava no colo dele novamente. Movia meu corpo sobre o pênis ereto dele, só para deixá-lo impaciente. Eu sabia que ele imaginava. Sabia que os olhos fechados visualizavam a minha imagem cavalgando nele, rebolando do jeito que ele gostava e pedia sempre. O erro de Sasuke foi me deixar dois meses sem vê-lo, tocá-lo, nem mesmo ouvir a voz que eu tanto amava, seja gemendo ou só falando qualquer coisa aleatória. O resultado foi um desejo incontrolável em mim. Uma possessão que eu nunca tive antes com nenhuma outra pessoa. Durante todo nosso relacionamento como amantes, embora meu corpo sempre tenha sido uma tela para os lábios de Sasuke marcar, eu nunca tinha o feito. Não por falta de vontade, mas pelo transtorno que isso causaria a ele. Eu sempre fui racional demais, enquanto ele era quem perdia o controle. Mas não naquele momento. Não enquanto meu coração batia acelerado por saber que era o único para ele. Não pensei em ninguém além de mim mesmo quando ataquei o pescoço dele com mordidas e chupadas fortes. Não quis saber como ele esconderia os hematomas que ficava em cada parte exposta, eu nem me importava na verdade. Tudo que eu pensava era em marcá-lo como meu. Sequer pensei que no dia seguinte, quando ele voltasse para a casa dele, para a esposa dele e, me deixasse sozinho, a ilusão iria embora e eu me afundaria novamente nos meus arrependimentos.

No entanto, enquanto Sasuke gemia e apertava meus cabelos, como se quisesse que eu continuasse a marcá-lo, a sanidade ficou trancada em um canto profundo.

Ele deslizou as mãos pela lateral do meu corpo, arranhando até minhas nádegas. Ele apertou com força suficiente para deixar a marca dos dedos na minha pele, e desferiu um tapa estalado em seguida.

Eu não precisei falar nada, o próprio esticou a mão para abrir de forma desengonçada, a gaveta do móvel de cabeceira e tirar de lá um pote de lubrificante.

— Você é mesmo prevenido. — Sussurrei no ouvido dele antes de morder o lóbulo.

— Ingenuidade da sua parte achar que eu seria amador ao ponto de esquecer nosso aliado.

Ele era tão idiota!

Eu até poderia respondê-lo com igual humor, porém, o dedo dele circulando minha entrada e se afundando nela me fez arfar e esquecer a pequena provocação. Cravei meus medos nos ombros dele e curvei a coluna. O vi sorrir convencido por me ver tão entregue com tão pouco, visto que minutos antes eu parecia um predador pronto para atacar. Ele conseguia desfazer minha pose de marrento com mais facilidade do que eu gostaria. O segundo dedo foi inserido e um terceiro logo depois, sempre com calma, certificando-se de que não me machucava. Outro característica que eu amava nele era o fato de sempre prezar pelo meu bem estar e prazer. Ele sempre cuidava de mim como se fosse quebrar a qualquer momento. Eu apreciava esse cuidado, mas no sexo, tudo que eu queria era que ele se esquecesse de tudo isso e só me fizesse dele.

Meu corpo passou a se mover sem que meu cérebro enviasse os comandos para tal. Queria mais daquelas vibrações que as estocadas causavam em meu corpo.

— Amor… Já está bom, vem logo.

Eu mal tinha terminado de falar e já senti o volume dele entrando lentamente em mim. Ele parecia tão ansioso por aquele momento quanto eu. Fechei os olhos com força, deixando meus lábios proferirem os sons que quisessem, na altura que o tesão exigia. Joguei a cabeça para trás e mordi meu próprio lábio inferior ao mesmo tempo em que Sasuke gemeu gracioso, apertando forte minha bunda. Ficamos um momento parados. Foram poucos segundos que pareciam horas. Eu sabia que ele esperava meu corpo se acostumar com o volume que o invadia, mas eu não conseguia mais esperar. Passei a me mover devagar, subindo e descendo no pênis duro dele, arrancando os gemidos mais deliciosos que já ouvi na vida. Sabendo que não poderia lutar contra o tesão, nem o dele e nem o meu, ele desistiu de protestar pela minha impaciência antes mesmo de começar. Segurou forte na minha cintura e arremessou o quadril para cima. O que começou devagar foi gradativamente ganhando velocidade e quando dei por mim, eu já cavalgava no colo dele sem nenhuma relutância.

Meu próprio membro estava duro novamente e se roçava entre nossos corpos. Um gemido mais alto de Sasuke fez com que meus olhos se abrissem e eu o fitasse e, por Deus, eu vi a imagem da perfeição bem na minha frente, com a boca aberta e os olhos semicerrados. O rosto vermelho pelo esforço que fazia e o maldito sorriso. Eu sorri, ele sorriu e nos beijamos da forma que pudemos. Um gemendo para o outro, calor aumentando, os corpos entrando em combustão, precisávamos tanto um do outro que era visível em nossa pele.

— Isso… aí… Ah Sasuke, você é tão gostoso, amor.

Gemi contra a boca dele, ganhando um tapa gostoso na bunda como recompensa. Claro que ele sabia o quão bom ele era na cama, mas gostava ainda mais quando eu dizia entre gemidos. O ego dele ficava ainda mais macio.

Segurei-me nele com o auxílio de apenas um dos braços e usei a mão livre para dar atenção que meu membro esquecido implorava. A combinação me fez grunhir, causando um arrepio por todo meu corpo. Eu sabia que estava perto, Sasuke também estava, visto que eu o sentia tremer tanto quanto eu. A boca dele voltou a fazer meu pescoço de alvo e o marcar com beijos e chupadas lambuzadas, era a forma dele abafar os gemidos altos. Eu, por outro lado, deixava os meus livres para soarem na altura que bem desejassem, porque eu gostava de mostrar a ele o quão delicioso era tê-lo daquela forma.

Não demorou muito para sentir os jatos quentes do gozo dele preencherem meu corpo, as mãos dele também apertavam minha cintura com mais força, me puxando mais para baixo, como se ele não estivesse completamente enterrado em mim. O gemido foi o mais gostoso de se ouvir, longo e mais alto que todos os anteriores e, isso foi suficiente para me fazer gozar também. Com poucas bombeadas, meus próprios jatos de prazer sujavam nossas barrigas e só então paramos de nos mover.

Estava difícil de respirar. O ar parecia não existir no quarto. Tudo que eu sentia era um tremor e um calor ridiculamente forte e confortável. Fechamos os olhos e, abraçados, esperamos o efeito do orgamo passar.

— Sabe — Sasuke sussurrou ainda de olhos fechado e todo preguiçoso — Acabei de descobrir que adoro o Naruto possessivo.

— Hey, não seja bobo. — Eu ri levemente tímido

— É verdade! — ele abriu os olhos para me encarar e sorriu, fazendo um carinho no meu rosto.

— Isso não vai te causar proble…

— Shiii — Ele me interrompeu ao contornar meus lábios com os dedos antes de me beijar — Você pode fazer o que você quiser. Eu sou seu.

Meu…

Era difícil divagar sobre aquelas palavras porque eu não sabia o que elas significavam para ele. Como ele era meu? Somente enquanto estávamos na cama? Ou ele pensava em mim o tempo todo como eu fazia com ele? O coração dele era meu ou somente o corpo? Ele estava falando aquilo devido a briga de antes? Não tinha como eu saber de verdade porque, ele ainda era casado e eu ainda era apenas o amante que ele via algumas vezes na semana. Eu também poderia buscar entender, mas do que adiantaria se no fim, ele sendo meu ou não, ele não estaria comigo? Então eu apenas sorri a ele, concordando com a cabeça e movi o corpo só para sair de cima dele e me acomodar ao lado, nem me importando com os lençóis que estavam sendo manchados os resquícios de nosso prazer. Ele também não se importou, ainda mantendo um sorriso no rosto.

Eu amava transar com ele. Adorava sentir nossos corpos conectados, os arrepios e tremores, as vozes sussurradas, os gemidos, as marcas que ficavam em nossos corpos, o descontrole. Tudo, eu amava tudo, exceto quando acabava e minha cabeça já não era mais forçada a não pensar. A insanidade já não existia, nada fazia com que eu desviasse meus pensamentos. Depois do orgasmo gostoso, vinha a tristeza profunda. Acredito que meus olhos expunham, de alguma forma, porque o sorriso nos lábios de Sasuke sumiram ao notar minha quietude, mesmo que eu, falsamente, lhe sorrisse e lhe acarinhasse.

Ele virou o corpo para ficar de frente a mim, eu fiz o mesmo e o vi morder o lábio inferior e suspirar. Me puxou para mais perto, unindo nossos corpos. Eu o abracei, afundando meu rosto da curva do pescoço dele e ficamos assim por alguns minutos. Eram raras as vezes em que as palavras me fugiam e o silêncio predominava. Eu sempre tinha algo a dizer, mesmo que não fosse nada relevante, eu até me achava barulhento demais. No entanto, lá estava eu, quieto, sem palavras para proferir.

— Eu te devo um pedido de desculpas.— Sasuke sussurrou, me despertando do breve cochilo que o afago nos cabelos me fizeram cair. Curioso, fitei-o com a testa franzida e esperei que ele continuasse. — Por ter te deixado tanto tempo sem notícia.

— Ah… Isso. Tudo bem, você deve ter tido uma boa razão. E não é como se precisasse me dar alguma satisfação, né?

— Eu tive sim, mas não justifica minha irresponsabilidade.

— Sasuke, você tem a sua vida lá fora. Várias empresas para cuidar, um casamento, eu mal consigo imaginar a pressão que é a sua vida. Então não se preocupe comigo.

Em parte era verdade, exceto a de não se preocupar comigo. Eu queria sim que ele se preocupasse, ligasse, perguntasse como estou, o que fiz, onde estava. Ao mesmo tempo sabia da vida corrida dele, das viagens a negócios, da vida conturbada, do casamento. No fundo, eu entendia ser esquecido.

— Vem cá, precisamos conversar.

Ele sentou-se de novo na cama, indicando o colo dele. Sentei-me novamente no mesmo lugar que eu estava minutos atrás e o abracei pelo pescoço, ele fez o mesmo ao enlaçar minha cintura. Naquela altura do campeonato, nem minha ansiedade procurava motivos para a tal conversa. De tanto que eu já havia divagado, agora eu só esperava que ele falasse e eu estaria pronto para o que fosse, ao menos era o que eu achava.

— Na... última vez que estivemos juntos — Ele começou um tanto hesitante e eu deixei um beijo em sua testa, encorajando-o a continuar — Eu tinha voltado de uma viagem de negócios alguns dias antes do previsto, vim direto te ver e depois, fui para casa. Eu não tinha avisado a Sakura que voltaria mais cedo, porque ela iria querer saber o dia, me buscar no aeroporto e isso atrapalharia meus planos de te ver. Quando eu cheguei em casa, encontrei ela nua, cavalgando em outro cara. — Não sei se foi minha cara de espanto ou a lembrança, mas Sasuke gargalhou por algum tempo e eu realmente não conseguia ver graça em nada.

— Ela…

— Estava me traindo! É.

— E o que você fez?

De todas as coisas que eu deduzi que seria àquela conversa, uma traição da esposa dele jamais passaria pela minha cabeça. Eu ainda estava muito chocado e, claro, curioso.

— Eu não fiz nada! Pedi educadamente para o homem se vestir e ir embora para eu pudesse conversar com ela.

— Simples assim, Sasuke?

— Você esperava que eu partisse para cima dele e o agredisse, mesmo eu voltando da casa do meu amante?

— A maioria dos homens faria isso. Eu acho.

— Faria mesmo, mas não sou tão hipócrita.

— Você quase bateu no Gaara porque achou que eu estava ficando com ele, Sasuke

— E daí? Eu fiquei com ciúme.

— Você é casado e eu solteiro.

— Não me impede de ficar com ciúme. Naruto, você está tirando meu foco.

Eu ri divertido pela clara tentativa dele em não falar sobre o tal dia e o quão hipócrita ele havia sido. Deixei o assunto para lá, afinal, eu também queria saber o desfecho do primeiro assunto.

— Ok, continua.

— Ta. Depois que ele foi embora, nós fomos conversar. Ela estranhou minha calma descomunal e se desculpou. Eu disse que ela não precisava se desculpar, e que eu entendia perfeitamente o motivo dela ter procurado outra pessoa. Há tempos eu não cumpria mais o meu papel de marido. Eu já não conseguia mais me forçar a transar com ela e, quando o fazia, era horrível para os dois. Eu não a culpo, assim como também não me sinto culpado de estar com você. Ela perguntou se eu tinha alguém e eu disse que sim. Resumindo: Ela disse que está apaixonada pelo rapaz, eu disse que também estou apaixonado por você e decidimos nos divorciar. Mas não foi simples o pedido devido ao acordo nupcial. Fiquei esses dois meses atolado em coisas da empresa e do divórcio, cuidando para que tudo desse certo e ninguém pudesse me tirar do meu cargo…

Ele ainda passou algum tempo falando os tantos motivos que o fizeram não me procurar, mas eu não ouvia. Meus sentidos falharam quando o ouvi dizer estar apaixonado por mim. Tudo pareceu lento, exceto meu coração que batia forte e rápido. Todos os meus sentidos pareceram se unir para se concentrar em assimilar apenas aquela frase, me dando certeza de que eu não estava delirando ou tendo mais um sonho fantasioso. Não sei quanto tempo fiquei quieto olhando-o, mas com certeza eu passei tempo demais sorrindo porque, quando voltei à realidade, ele estava em silêncio, me encarando com outro igual. De repente, eu não sentia mais aquela melancolia que me assombrava, nem o frio que me envolvia. Na verdade, eu me sentia quentinho, ainda mais envolto nos braços dele. Acho que era deles que vinha o calor.

— Você disse que está apaixonado por mim? — eu perguntei um tanto bobo demais.

— Foi a única coisa que ouviu, é?

— Ouvi até aí, haha. — Eu ri. Talvez a primeira risada verdadeiramente feliz há tempos.

— Sim. Eu estou loucamente apaixonado por você.

— Sasuke…

— Me desculpa, amor… — Tomou meus lábios em um beijo rápido — Eu fui tão egoísta que não percebi que estava te fazendo mal. Eu fui irresponsável ao não deixar bem claro para você que é o único, que eu te amo e isso te trouxe medo, insegurança, ansiedade. Eu não pensei em quantas noites sem dormir você passou imaginando que eu poderia estar com outra pessoa, quando na verdade eu estava pensando e ansiando estar com você. Eu devia ter te falado antes. Por favor me desculpe.

— Sasuke… — Foi a segunda vez naquela noite que eu o vi tão exposto, com os sentimentos à mostra e o coração aberto. Eu pude sentir o pesar e a culpa em cada palavra dele e, embora fosse verdade tudo que ele disse, eu não o culpava por nada. E nem o achava irresponsável também. Durante todo o tempo que ficamos juntos, eu soube o meu lugar e o que poderia ou não cobrar dele. Atenção não era uma delas, não quando ele não estava comigo. Eu era o amante, eu que havia me apaixonado, eu que não quis me afastar quando me dei conta disso, eu optei por priorizar as migalhas, não ele. Ninguém ali tinha culpa, nem mesmo eu. — Não tenho o que te desculpar, amor. Não se culpe por nada, tá bom? Só… Diz de novo que me ama.

— Eu te amo.

— De novo.

— Eu te amo.

— De novo.

— Eu te amo, te amo, te amo, te amo demais, Uzumaki Naruto. E quero ficar só com você pelo resto da minha vida.

Então era aquela a sensação de tocar os pés no céu? O sorriso que mal cabia nos meus lábios era felicidade genuína? Céus, eu mal conseguia conter meu próprio riso enquanto Sasuke beijava todo meu rosto. O meu corpo estava quente novamente, consequência de toda adrenalina que era produzida. Eu me sentia leve, flutuando e tudo que eu queria era que o tempo parasse naquele momento.

Não podia ser um sonho, minha mente jamais poderia criar tamanha sensação de prazer e paz. Era real, assim como meu amor por ele.

— Eu te amo, Uchiha Sasuke — Sussurrei contra seus lábios, estalando selinhos lentos que logo se transformaram em um beijo intenso, mas calmo. Um beijo cheio de amor e paz, felicidade e euforia. Eu podia sentir tudo, cada respiração dele, cada sorriso entre o beijo. A mão percorrendo meu corpo, os arrepios, nossos suspiros ao fim do ósculo. Eu podia senti-lo!

A partir daquele dia não nos separamos mais. A tristeza rotineira, a insegurança, o medo já não fazia mais parte de mim. Aos poucos fui me entendendo, entendendo meus sentimentos e os dele, aprendendo a nos comunicar e a nos ajudar.

No fim, entendemos que o silêncio abre espaço para a dúvida e nosso relacionamento era baseado em certezas. Certeza de que nos amamos, nos respeitamos e nos confiamos, além da certeza de que, em hipótese alguma, devemos colocar nosso coração para jogo.

Se por te beijar tivesse que ir depois para o inferno, eu faria isso. Assim poderia me gabar aos demônios de ter estado no paraíso sem nunca entrar.
-William Shakespeare
9. Juni 2021 23:00 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
2
Das Ende

Über den Autor

Kommentiere etwas

Post!
Bisher keine Kommentare. Sei der Erste, der etwas sagt!
~