Eu não sei o nome da moça do caixa do mercado que faço minhas compras.
Já são seis meses que vou ao mesmo, é pequeno, negócio familiar.
Sei que ela é filha do casal que fundou o mercadinho, sempre me atende mas confesso que nunca nos apresentamos formalmente. Uma relação fria limitada à “boa noite, obrigado senhor”.
Existe uma cultura de romper vínculos entre os humanos onde encarnamos papeis de cliente X prestador de serviço. É como se todo cliente fosse apenas parte do trabalho do prestador de serviço e como se todo funcionário de qualquer estabelecimento fosse invisível. Nós não tratamos quem nos serve com a dignidade que merecem.
Pra minha surpresa hoje ela me disse: “Eu sinto muito, mas tudo vai ficar bem”. Abalou minha estrutura e dez segundos depois de um silêncio absoluto não pude conter as poucas lágrimas que escorreram.
Perguntei como ela sabia e a resposta foi: “sempre que você pega um produto do carrinho e coloca no balcão eu vejo o sorriso de alguém que comprou algo para uma pessoa especial. Um carinho em simplesmente olhar para embalagem. Como se cada produto tivesse uma história particular e carinhosa. Hoje, você não sorriu para o pão integral, para o doce de leite sem lactose, para o azeite de oliva nem para os temperos. Na verdade vi mágoa quando me alcançou eles”.
Não me senti à vontade de contar a importância de cada compra, nem dos motivos da minha tristeza e do meu choro. Foi a atitude mais atenciosa que me foi direcionada nos últimos 20 dias. Somente cruzamos os olhares agradeci e desejei boa noite com a maior sinceridade que pude naquele momento. Quando estava na calçada voltei, pedi seu nome e me apresentei.
Vi os olhos dela ficarem marejados.
Vielen Dank für das Lesen!
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