Kurzgeschichte
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Capítulo único

Caminho só, do estacionamento até a entrada da escola sem me despedir do meu pai. Seguro firme uma das alças de minha mochila, e então atravesso o pátio evitando qualquer espécie de contato com toda a gente; isso até chegar no meu armário, onde Peter me espera sorridente.

É assim que o chamo: "Peter Pan". Costumava ser minha história favorita quando mais novo e, para ser sincero, não deixou de ser - a fase de ouvir histórias é que acabou há um tempo.

Quando conheci Peter há três meses, ele estava sentado na primeira fileira da classe. Usava um gorro de cor cinza esverdeada. Chamou a atenção do professor pelo gorro e, quando Mr. Gibson pediu que Peter o removesse, meio que ele se negou a fazê-lo. Foi audácioso. Mr. G até tentou convencê-lo por atrapalhar a aula, mas...

- Meu gorro está atrapalhando alguma coisa aqui? - Peter perguntou em voz alta.

A resposta foi unânime:

- Não. - E a batalha estava vencida.

Eu não sabia que as semanas seguintes seriam as melhores da minha vida. Peter vez ou outra conversava comigo, cara a cara, e ele me dava a impressão de que sempre fomos amigos, e essa sensação se tornou permanente no nosso terceiro encontro.

Se quer saber como foi meu primeiro beijo: foi com ele, e foi o melhor.

Eu tinha meus motivos para amá-lo, mas, por favor, não se assuste com a velocidade que essas coisas aconteceram. Ele era meu segundo amigo em anos. Sandy, minha irmã mais velha, era a primeira.

Nunca falei com Sandy sobre Peter. Acho que ela não entenderia... ou talvez sim, mas ter um irmão assumidamente gay estudando no mesmo colégio que você não deve ajudar muito no seu ûltimo ano do colegial. Mesmo a vendo periodicamente, eu sei o quanto esse ultimo ano é importante para ela.

Peter me acompanha até a classe. Não há um horário sequer que estejamos separados, e isso é bom.

"Digamos que ele é como minha mochila", escrevo em meu diário, na hora do intervalo, enquanto Peter come. "... dificilmente me separo dela".

Fecho o caderno em minhas mãos e é quando um estranho senta-se ao meu lado.

- Eai, Mochila. - O estranho diz, e morde um pedaço do hamburguer que carrega. Peter me encara.

"Mochila" é o apelido que alguns valentões me deram, justamente por andar com a minha a todo canto.

- Oi. - Digo apenas.

- Posso te fazer uma pergunta?

Pondero, mas minha resposta é a mesma de sempre.

- Não vejo por que não.

- Se todo seu material fica nos armarios da entrada... o que você realmente traz aí dentro? - Ele aponta para minha mochila.

Peter desvia o olhar, e é quando respondo:

- Presente da minha mãe... - foi o ultimo dela, alias. Ela morreu na noite do meu ultimo aniversário. -, um gorro cinza esverdeado.

É nesses momentos que lembro o quanto odeio tudo isso; que lembro que meu pai já trouxe Sandy para sua visita periodica hoje; e que Peter não está mais onde deveria estar.

19. Januar 2021 06:48 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

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