awnthony awnthony

Nathanael estava preso no alto de uma torre de pedras frias, observando seu príncipe encantado noivar ao invés de vir resgatá-lo de seu cárcere mental.


Kurzgeschichten Nicht für Kinder unter 13 Jahren.

#príncipes #romance #amantes
Kurzgeschichte
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A vida não é um conto de fadas com final feliz


Um príncipe sozinho preso no alto de uma torre. O preso dependia do ponto de vista e, no de Nathanael, ele estava usufruindo covardemente do sentido real da palavra. A porta estava destrancada, a escadaria até a saída, livre, e tendo a coroa na cabeça, uma dúvida se algum guarda o impediria de passar, porém, ainda com toda essa liberdade atrás de suas costas, sentia-se preso no lugar: em pé, apoiando os braços na enorme janela de mármore. Por isso, pensava que tudo dependia do ponto de vista.
O clima lá embaixo, no chão de terra firme, era amistosamente falso em grandes 85 por cento: apenas crianças se divertiam porque nada importa, além de correr atrás uma das outras e se sujar no processo, fugindo dos olhos dos pais para não ficarem de castigo. Nathanael queria diminuir de si mesmo 10 anos, voltar aos 9 anos e ser feliz todos os dias, tão raro nos dias atuais, especificamente no dia de hoje. E pensar que dificilmente algo fosse superar a dor de amar e ser amado, mas não poder viver esse sentimento às claras por serem dois homens em uma época de mentes fechadas.
A vida tem dessas, de fazer aqueles que a têm sofrer, independentemente se é um príncipe ou qualquer classe social que possa considerar elite ou superior. É simplesmente assim e ponto final. Porém, nem de longe significava que, por essa lógica, seria fácil aceitar o que nos acomete, afinal, o ser humano não é rígido apenas por essa linha.
Então, mesmo que Nathanael se esforçasse ao máximo para descer e se juntar a festa com um sorriso e saudações a todos, nunca seria o suficiente, pois, no momento em que o outro surgisse junto de seu par, ele desabaria e tudo se tornaria um caos.
Por isso se auto-intitulava preso, sendo o melhor para todos. Mesmo estando a dois meses distante de Jake, ainda o amava tanto que doía como agora. Jamais estragaria a festa de noivado dele se quisessem ficar juntos, fugir e abdicar de seus postos era a única opção. Entretanto, conhecia Jake e seu jeito competente de ser, comprometido com a família que amava e o amava de volta, com súditos recíprocos. Ele nunca os abandonaria, dividido entre dois lados, no qual Nathanael sabia que perderia.
"Jake, o futuro e mais jovem rei ao sul, conhecido principalmente por sua bondade, que teria sua cerimônia de casamento celebrada no reino vizinho, ao qual toda a sua família possuía uma amizade antiga e ótimas relações." Talvez fosse mais fácil se essa maldita festa não fosse bem no terreiro de sua casa, se não fosse obrigado a ir no casamento para ver seu amor trocar votos e uma aliança com uma mulher desconhecida, princesa de um reino poderoso.
E como se ouvisse seus pensamentos, o dito casal surgiu na entrada do jardim, para a infelicidade de Nathanael, que guardava bem no fundo uma tola esperança sem sentido. Ambos estavam lindos, passavam a imagem de perfeição, e o príncipe dava graças por estar na torre, totalmente longe dos olhos de Jake, porque apenas vê-lo de longe teria que ser suficiente para o restante de sua vida. Tal distância cresceria ainda mais com o passar do tempo, sabia que, em breve, seria ele próprio a casar com uma mulher.
Dentre uma das milhares de vezes, desde que entendeu-se apaixonado por Jake, Nathanael desejou não ter nascido na realeza. Isso o lembrava de uma noite em que ambos estavam deitados em uma cama no quarto de hóspedes, conversando aleatoriamente, aconchegados um no outro, trocando carícias até que esse assunto surgiu. Não se lembrava de quem havia o iniciado, mas do silêncio e da tensão da verdade que nenhum deles queria colocar em palavras o marcou no coração. Covardes em não querer estragar aquele momento, porém, de nada adiantou no final.
Aquela foi a primeira vez que Nathanael encarou a realidade e fugiu dela. Fazia mais de dois anos, mas a lembrança era tão nítida que poderia duvidar que houvesse acontecido alguns dias atrás. Assim como naquele dia, hoje também ficaria eternamente em meio às suas lembranças. Vendo Jake atravessar o enorme jardim, cumprimentando a todos com um sorriso tão falso que parecia fazê-lo querer vomitar — tal bom ator que o outro príncipe era, duvidava que alguém soubesse da verdade por trás daquele rosto bonito, como somente Nathanael parecia saber —, a imaginação se desenrolava para um futuro em que já seriam reis, com seus netos correndo enquanto tomavam chá e falavam de guerra como bons amigos — o que foram sim, mas, também, havia o acréscimo de amantes —, mantendo a cordialidade forçada.
O passado juntos periodicamente se tornaria apenas isso, um passado distante e, como tudo nessa origem, não retornava mais. As questões estavam presas junto de Nathanael na torre fria: como havia aproveitado ao máximo seu tempo com Jake? Arrependia-se de tê-lo beijado em sua festa de 17 anos. Não queria repensar sobre elas, mas estando preso, era difícil negar.
Uma música animada iniciou-se pela orquestra, não ajustando-se nem um pouco ao estado do príncipe, que, enfim, decidiu-se não fazer mais parte de tudo aquilo, mesmo que fosse de longe, puxando a enorme janela de madeira, fazendo-a se fechar em um baque que ninguém além dele próprio ouviu. Tudo teria mergulhado em escuridão se não fosse graças a uma lanterna que havia sido acendida mais cedo no chão, emitindo a única fonte de luz do local.
Ainda fazia frio e Nathanael estava encarcerado, sentado no chão com o olhar distante, cogitando tantas possibilidades impossíveis que poderiam o deixar muito mais feliz do que agora. Sendo o nosso cérebro uma caixinha de ajuda para nos iludir a não chorar em situações extremas, dentre todas as possibilidades, uma não tão aprazível se fazia notória: passaria muito mais tempo na torre do que imaginava. Estava preso, em sentidos além do que sua época poderia lhe explicar.
Destinado a ser o príncipe refém — de si mesmo — no alto de uma torre, esperando pelo cavalheiro que jamais viria. Extremamente parecido com uma das várias histórias infantis que sua mãe o contava, mas diferente delas, a sua jamais teria um final feliz.

16. Dezember 2020 16:23 1 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

awnthony ⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝙋𝙇𝙐𝙎 𝙐𝙇𝙏𝙍𝘼! -'ღ'- ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ também estou no wattpad e spirit fanfics com o mesmo user.

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Arnaldo Zampieri Arnaldo Zampieri
Incrível. Do título até a conclusão.
December 17, 2020, 11:34
~